terça-feira, 26 de maio de 2015

Carta para alguém a quem quero contar tudo, mas tenho medo


Kika,

Mais que minha madrinha, mais que minha amiga, mais que uma companhia... uma irmã. Estiveste sempre aqui ao longo dos anos, e nem tens noção disso. Viste-me dar os meus primeiros passos, obrigaste-me a comer quando tinha que ser, foste a única que soube dos meus namorados, abraçaste-me quando as lágrimas eram muitas, deste-me força para continuar. Sempre estiveste lá, e nem tens noção disso.
Ainda me lembro o dia em que me encostaste à parede e me pediste que te contasse o que se passava. Lembro-me de me dizeres que tinhas lido o meu tumblr, e que tinhas percebido que as coisas não estavam bem... nesse momento pensei se te contava ou não. Pensei nisso durante todos os segundos da nossa conversa onde eu apenas te falava da superfície da minha ferida. Tive medo de te magoar. Tive medo que não compreendesses. E não te contei. Nunca te contei. A vontade era tanta... mas a coragem tão pouca.
E nunca te disse. E mesmo hoje, passado já mais de um ano tenho vontade de te contar. Mas agora já não é tempo. O problema já está resolvido, e tu já estás longe. Mais longe que nunca. A vida obrigou-te a voar para viver. A vida obrigou-te a partires para seres feliz. A vida afastou-nos. É a ordem natural da vida. Só tenho pena de nunca te ter dito, de nunca teres compreendido.
E enquanto escrevo esta carta choro. Choro porque sei que há a possibilidade remota de a leres, pois és a única que sabe que tenho um blog, és a única que já o viu, és a única que tem o link. És a única que o conhece, e és a única que sei que poderá ler isto e saber que é para ti. E porque ainda assim não te quero magoar com a verdade. Porque ainda assim acho que te preocupas demasiado comigo, e porque acho que não tenho esse direito.
E porque aconteça o que acontecer, se algum dia eu te contar, é simplesmente porque cheguei ao meu limite, e não aguento mais, desisti, e preciso do teu abraço, preciso de ti.
Beijos,
Gui

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